E o que é essa coisa da Quinta-feira
da Ascensão? Ora esta é uma festa religiosa católica, sendo em
muitos locais hoje um dia feriado. Cá está, hoje o escritório está fechado
porque aqui é feriadito eheheheh. Não fiquem tristes quem não está em dia
feriado ok? Decerto que irão ter feriados municipais que não são aqui
contemplados (como é o caso do 13 de Junho, já bem próximo, e que para mim é
dia de labuta!). Mas vamos ao que interessa. Neste dia celebra-se a ascensão de
Jesus ao Céu, depois de ter sido crucificado e de ter ressuscitado (sendo a
Ressurreição celebrada na Páscoa).
Quarenta dias depois da Ressurreição,
Jesus apareceu pela última vez aos seus discípulos, em Jerusalém, e levou-os ao
Monte das Oliveiras.
Depois de lhes ter renovado a
promessa do Espírito Santo, ergueu as mãos ao céu e abençoou-os. Nesse instante
começou a elevar-se no ar e não tardou que uma nuvem o escondesse dos olhos
deles. Como estes continuaram a olhar o céu, apareceram-lhes dois anjos a
anunciar que Jesus voltaria do mesmo modo que o viram subir.
Então os discípulos deixaram o Monte
das Oliveiras e regressaram a Jerusalém. Este dia (a Ascensão) ocorre cerca de quarenta dias depois da Páscoa, e é sempre
a uma quinta-feira.
E, também, sempre nessa data,
celebra-se o Dia da Espiga ou Quinta-feira da Espiga.
Tradicionalmente, de manhã cedo, rapazes e raparigas vão para o campo apanhar a
espiga e outras flores campestres.
Com elas, formam um ramo a que se
chama
Espiga! Este é composto por: espigas de trigo, folhagem de
oliveira, malmequeres e papoilas. O ramo pode também incluir centeio, cevada,
aveia, margaridas, pampilhos, etc. Cada elemento simboliza um desejo:
- A espiga de trigo = que haja pão, isto é, que nunca falte
comida, que haja abundância em cada lar;
- O ramo de folhas de oliveira = que haja paz (a pomba da paz trazia no bico um ramo de oliveira) e que nunca falte a luz (divina). Antigamente as pessoas alumiavam-se com lamparinas de azeite, e o azeite faz-se com as azeitonas, que são o fruto da oliveira;
- Flores (malmequeres, papoilas, etc.) = que haja alegria
(simbolizada pela cor das flores - o malmequer ainda «traz» ouro e prata, a
papoila «traz» amor e vida e o alecrim «traz» saúde e força;
Segundo a tradição o ramo deve ser
colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo
no dia da espiga do ano seguinte.
Acredita-se que este costume, que surge mais no centro e sul de Portugal, nasceu de um antigo ritual cristão, que era uma bênção aos primeiros frutos. No entanto, por ter tanta ligação com a Natureza, pensa-se que vem bem mais de trás no tempo, talvez de antigas tradições pagãs associadas às festas da deusa Flora que aconteciam por esta altura e às quais se mantém ligada à tradição dos Maios e das Maias.
O dia da espiga era também o
"dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um
dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma
hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o
leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora
que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as
ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo
da lareira para afastar os raios.
Hoje em dia, nas grandes cidades, as
pessoas já não vão colher o Ramo da Espiga, nem há onde o fazerem verdade seja
dita, mas há quem os venda, tendo-os colhido e atado, fazendo negócio com a
tradição... E ajudando a preservá-la. Eu, como sou moçoila do campo ahahah,
tenho à minha disposição (até à frente de minha casa) vários sítios onde ir
recolher o ramo de espiga... logo, aqui vou eu fazê-lo! E vocês, também têm por
hábito esta tradição?
Espero que tenham gostado do post,
continuaremos com mais certamente nesta rubrica Hoje é...
Fiquem bem! Até já!