sexta-feira, 27 de junho de 2014

FALANDO A SÉRIO: O CICLO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


 
Hoje voltamos a falar de um assunto mais sério, e que sinceramente me mete muita confusão estar a aumentar exponencialmente o número de casos, em vez de estar a diminuir...

Ora no passado dia 04 de Abril escrevi um post acerca da Denúncia à Investigação nos casos de Violência e Maus-tratos (espreitem em http://devaneiosdesabafoseafins.blogspot.pt/2014/04/falando-serio-da-denuncia-investigacao.html   ), resultante da conferência organizada pela CPCJ (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens) de Alenquer, subordinada ao tema “A Protecção da Infância e da Juventude – Violência e Maus Tratos” do passado dia 27 de Fevereiro.

Uma das partes da conferência, ministrada por um agente da autoridade, referia-se a isso mesmo, esclarecer o que é, onde se deve fazer, e qual os trâmites processuais de uma Denúncia nos casos em que se suspeita (ou se tem a certeza) de que alguém é vítima de violência ou de maus-tratos! Minha praia... aqui estou como peixe na água, ou não fizesse parte do mundo jurídico...

Contudo hoje venho abordar o caso específico da Violência Doméstica! O que é, como se pode saber se está a ser alvo de violência doméstica, ou alguém bem perto de si... 

 

O CICLO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência doméstica funciona como um sistema circular – o chamado Ciclo da Violência Doméstica – que apresenta, regra geral, três fases:

1. Aumento de tensão: as tensões acumuladas no quotidiano, as injúrias e as ameaças tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo eminente.

2. Ataque violento: o agressor maltrata física e psicologicamente a vítima; estes maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade.

3. Lua-de-mel: o agressor envolve agora a vítima de carinho e atenções, desculpando-se pelas agressões e prometendo mudar (nunca mais voltará a exercer violência).

Este ciclo caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez mais intensa a fase do ataque violento. Usualmente este padrão de interacção termina onde antes começou. Em situações limite, o culminar destes episódios poderá ser o homicídio.

 
Ora, muitas vezes começa a pouco e pouco, aumentando gradualmente... Muitas vezes começa ainda em fase de enamoramento, prolongando-se no casamento (coisa que me faz confusão confesso!) e muitas vezes terminando em homicídio sim, muitas vezes num acto de explosão da vítima que não aguenta mais!

Lá está, eu com o meu mau feitio tenho a ideia de que se por acaso eu estivesse numa dessas situações, então seria recíproco, do género “dás mas levas também"...”contudo, pelas experiências que oiço, relatos até que me passaram pelas mãos, faz-me pensar que não será bem assim... muitas vezes a ideia do “foi só desta vez, nunca mais vai acontecer porque a outra pessoa vai mudar” é mais forte (lá está, devido à fase lua-de-mel), o que leva a uma espiral que dificilmente se sairá se não se “fincar o pé” e se mentalizar que tem de sair desse vício... pensar que você é mais importante, gostar de si... ou no caso de não ser você, mas alguém perto de você, pensar que pode estar a salvar uma vida!

 
 
 
A violência doméstica atravessa todas as classes sociais, todos os estatutos e géneros! Apesar de na maioria das vezes se falar na violência doméstica como a violência que o homem exerce sobre a mulher, certo é que também existe ao contrário, pelo que importa estar alerta aos sinais...

 
 
Ora, de acordo com as Estatísticas/Relatório Anual 2011, elaboradas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), 19 mulheres por dia foram vítimas de violência doméstica em Portugal em 2011, sendo que tem vindo a aumentar exponencialmente de ano para ano. No total foram registados 15.724 crimes de violência doméstica contra as mulheres, sendo que, a mulher continua a ser a principal vítima de todos os tipos de crime, com 80% dos crimes praticados contra o sexo feminino. O autor do crime é predominantemente do sexo masculino (78%).



Traçando o perfil da vítima de crime, com base nos dados recolhidos pela APAV, verifica-se que: a vítima é mulher; tem entre os 35 e os 40 anos ou mais de 65 anos; é portuguesa; é casada; tem a sua família nuclear com filhos; trabalha por conta de outrem e reside nas grandes cidades.


E SE EU QUISER PEDIR APOIO?

Nesse caso contacte a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vitima). Ser-lhe-á disponibilizado apoio psicológico, jurídico, emocional e social, gratuito e confidencial.

 
Tal como diz no site da APAV, lembre-se que o silêncio não ajuda, que ele é, muitas vezes, cúmplice dos actos violentos.

Se presenciar, suspeitar, ou for vítima de alguma situação de desrespeito pelos direitos humanos, não hesite CONTACTE A APAV ATRAVÉS:

- 707 20 00 77

- Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima da APAV

- apav.sede@apav.pt

Ou então, faça você mesmo directamente uma Denúncia! Veja como e o que implica no post http://devaneiosdesabafoseafins.blogspot.pt/2014/04/falando-serio-da-denuncia-investigacao.html   

Espero ter-vos ajudado a esclarecer, a reconhecer estas situações, e saber como devem agir... porque estas coisas existem e devem ser alertadas... até breve!  
 

Fiquem bem... Até já!

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