Hoje voltamos a falar de um assunto
mais sério, e que sinceramente me mete muita confusão estar a aumentar
exponencialmente o número de casos, em vez de estar a diminuir...
Ora no passado dia 04 de Abril
escrevi um post acerca da Denúncia à Investigação nos casos de Violência e
Maus-tratos (espreitem em http://devaneiosdesabafoseafins.blogspot.pt/2014/04/falando-serio-da-denuncia-investigacao.html
), resultante da
conferência organizada pela CPCJ (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens)
de Alenquer, subordinada ao tema “A Protecção da Infância e da Juventude –
Violência e Maus Tratos” do passado dia 27 de Fevereiro.
Uma das partes da conferência, ministrada
por um agente da autoridade, referia-se a isso mesmo, esclarecer o que é, onde
se deve fazer, e qual os trâmites processuais de uma Denúncia nos casos em que
se suspeita (ou se tem a certeza) de que alguém é vítima de violência ou de
maus-tratos! Minha praia... aqui estou como peixe na água, ou não fizesse parte
do mundo jurídico...
Contudo hoje venho abordar o caso
específico da Violência Doméstica! O que é, como se pode saber se está a ser
alvo de violência doméstica, ou alguém bem perto de si...
O CICLO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência doméstica funciona como
um sistema circular – o chamado Ciclo
da Violência Doméstica – que apresenta,
regra geral, três fases:
1. Aumento de tensão: as tensões acumuladas no quotidiano, as
injúrias e as ameaças tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de
perigo eminente.
2. Ataque violento: o agressor maltrata física e psicologicamente
a vítima; estes maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade.
3. Lua-de-mel: o agressor envolve agora a vítima de carinho e
atenções, desculpando-se pelas agressões e prometendo mudar (nunca mais voltará
a exercer violência).
Este ciclo caracteriza-se pela sua
continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição sucessiva ao longo de meses
ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento e
cada vez mais intensa a fase do ataque violento. Usualmente este padrão de
interacção termina onde antes começou. Em situações limite, o culminar destes
episódios poderá ser o homicídio.
Ora, muitas vezes começa a pouco e
pouco, aumentando gradualmente... Muitas vezes começa ainda em fase de
enamoramento, prolongando-se no casamento (coisa que me faz confusão confesso!)
e muitas vezes terminando em homicídio sim, muitas vezes num acto de explosão
da vítima que não aguenta mais!
Lá está, eu com o meu mau feitio
tenho a ideia de que se por acaso eu estivesse numa dessas situações, então
seria recíproco, do género “dás mas levas também"...”contudo, pelas
experiências que oiço, relatos até que me passaram pelas mãos, faz-me pensar
que não será bem assim... muitas vezes a ideia do “foi só desta vez, nunca mais
vai acontecer porque a outra pessoa vai mudar” é mais forte (lá está, devido à
fase lua-de-mel), o que leva a uma espiral que dificilmente se sairá se não se “fincar
o pé” e se mentalizar que tem de sair desse vício... pensar que você é mais
importante, gostar de si... ou no caso de não ser você, mas alguém perto de você,
pensar que pode estar a salvar uma vida!
A violência doméstica atravessa todas
as classes sociais, todos os estatutos e géneros! Apesar de na maioria das
vezes se falar na violência doméstica como a violência que o homem exerce sobre
a mulher, certo é que também existe ao contrário, pelo que importa estar alerta
aos sinais...
Ora, de acordo com as
Estatísticas/Relatório Anual 2011, elaboradas pela Associação Portuguesa de
Apoio à Vítima (APAV), 19 mulheres por dia foram vítimas de violência doméstica
em Portugal em 2011, sendo que tem vindo a aumentar exponencialmente de ano
para ano. No total foram registados 15.724 crimes de violência doméstica contra
as mulheres, sendo que, a mulher continua a ser a principal vítima de todos os tipos de crime, com
80% dos crimes praticados contra o sexo feminino. O autor do crime é
predominantemente do sexo masculino (78%).
Traçando o perfil da vítima de crime,
com base nos dados recolhidos pela APAV, verifica-se que: a vítima é mulher;
tem entre os 35 e os 40 anos ou mais de 65 anos; é portuguesa; é casada; tem a
sua família nuclear com filhos; trabalha por conta de outrem e reside nas
grandes cidades.
E SE EU QUISER PEDIR APOIO?
Nesse caso contacte a APAV (Associação
Portuguesa de Apoio à Vitima). Ser-lhe-á disponibilizado apoio psicológico,
jurídico, emocional e social, gratuito e confidencial.
Tal como diz no site da APAV, lembre-se
que o silêncio não ajuda, que ele é, muitas vezes, cúmplice dos actos
violentos.
Se presenciar, suspeitar, ou for vítima
de alguma situação de desrespeito pelos direitos humanos, não hesite CONTACTE A
APAV ATRAVÉS:
- 707 20 00 77
- Rede Nacional de Gabinetes de Apoio
à Vítima da APAV
- apav.sede@apav.pt
Ou então, faça você mesmo
directamente uma Denúncia! Veja como e o que implica no post http://devaneiosdesabafoseafins.blogspot.pt/2014/04/falando-serio-da-denuncia-investigacao.html
Espero ter-vos ajudado a esclarecer,
a reconhecer estas situações, e saber como devem agir... porque estas coisas
existem e devem ser alertadas... até breve!
Fiquem bem... Até já!
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