quarta-feira, 19 de março de 2014

FALANDO A SÉRIO: Famílias Maltatantes vs Familias Competentes, onde te encaixas?




Hoje venho falar de um assunto um pouco diferente, mais sério, e que de certo modo nos toca a todos.

Ora no passado dia 27 de Fevereiro eu e a Fefa (por motivos profissionais, e até maternais J ) fomos assistir a uma conferência organizada pela CPCJ (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens) de Alenquer, subordinada ao tema “A Protecção da Infância e da Juventude – Violência e Maus Tratos”.

Muito bem estruturada, com um tema que a nós sociedade deve sempre nos preocupar, mas que a nós pais nos toca de um modo diferente... ou pelo menos devia! Foram vários os oradores, desde juízes, procuradores, advogados, assistentes sociais, psicólogos, forças policiais... um pouco de tudo para abordar um tema tão delicado e tão importante.

Ora o post de hoje foca-se essencialmente num aspecto que, confesso, me perturbou bastante... Porquê? Senti-me especialmente “atingida”!

Uma das partes da conferência, e tão bem explicada pela Drª Conceição Neves, Psicóloga no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, prendia-se com a identificação/ principais características de uma Família Maltratante (onde existe violência doméstica) e uma Família Competente (onde impera o bem estar, livre de violência doméstica). Ora senti-me especialmente “atingida” porquê? Porque cada vez que eram explanadas as características de uma família maltratante eu me revia nas mesmas! Que sufoco!! Só pensava: Ai que sou uma mãe maltratante!! Ora vamos ver as características de cada uma das famílias para perceberem o porquê da minha angústia:

Em traços gerais uma Família Maltratante é aquela em que existe um padrão de relacionamento violento no modo de comunicar (muitas vezes por gritos, um “chega pra lá”, um tom mais acertivo), não se apercebendo muitas vezes da agressividade do seu discurso. Ora aqui um ponto que tocou, afinal que mãe nunca deu um gritinho ao miúdo quando está a fazer asneiras???!!???... E isto é só o início, mais pontos nos tocam vão ver!!
Nestas existe uma noção de autoridade despótica, onde a obediência, respeito, disciplina e castigo são palavras dominantes, impostas de um modo coercivo. Uí....   São interdependentes (todos os membros dependem muito uns dos outros), têm dificuldades em estabelecer as distâncias óptimas entre os membros, estando mais susceptíveis a não saberem lidar com a rejeição e o abandono. PUMBA!! Mesmo no estômago! Ora eu tão pegada à família como sou, que todos os dias tenho de falar com os meus pais, e que dependo tanto do meu núcleo familiar, minha base, minha estrutura, pensei: Tá tudo dito! Sou maltratante! Mas há mais... Ok, nos outros não me revejo tanto, mas há mais características destas famílias...
 Os seus membros normalmente têm uma baixa auto-estima e pouca resistência à frustração, estando os papéis parentais e filiais mal definidos (comportando-se muitas vezes o filho como se fosse o pai e vice-versa). Costumam ser famílias fechadas sobre si próprias, que mantêm poucas relações tanto com amigos como com as respectivas famílias de origem. Ora neste ponto então não me toquei nada!!! Mas nos outros... Uí!!! J

Mas pronto, vou contar algo que ouvi: Todos nos tocamos nestes pontos! Sim, porque todos “cometemos estes erros”. Essencial é que esses erros sejam esporádicos, porque se viram rotina e começam a fazer parte do dia-a-dia então temos um problema... Sim, porque os maus tratos e a violência não necessitam obrigatoriamente de serem físicos... existem muitos maus tratos e actos de violência psicológicos que por vezes deixam mais cicatrizes...

Ora já recomposta e refeita do choque, e com a vontade de me “redimir” e de me chicotear pelos meus erros (eheheheh) lá continuamos, e fomos ouvir as características de uma Família Competente.  

Ora em traços gerais uma Família Competente as palavras características são o afecto e a compreensão. Têm um relacionamento responsabilizante, escutam empaticamente os filhos, estão atentos aos seus sentimentos e vêm na emoção uma oportunidade de se aproximarem dos mesmos e de transmitirem experiência. Um exemplo que se pode dar são as famosas birras! Quando os miúdos as fizerem (o que todos adoramos não é? J ) não vão a correr ralhar, gritar, colocar de castigo... Deixem o “piqueno” acalmar, e no final perguntem o porquê de ele estar assim, se adiantou de alguma coisa... Aqui a autoridade é exercida de um modo responsabilizante, através do diálogo e da disciplina, com orientações claras e regras bem definidas (um bom exemplo de regra é a de que quem desarruma tem de arrumar!). Contudo, tais regras podem ser redefinidas com flexibilidade, de acordo com a idade e as necessidades individuais de cada filho. Sim, porque as regras que um miúdo deve cumprir aos 3 anos não serão certamente as mesmas que aos 15!! Estas vão sendo redefinidas. Quanto ás regras, não é necessário muitas, bastam por exemplo umas 3 boas regras para cumprirem. Quando estiverem assimiladas, então passam a ser parte do quotidiano e passamos a definir outras! Quando são impostas muitas regras, mais difícil se torna o cumprimento de todas, certo? A pouco e pouco chegamos lá também J . Permitem / facilitam o processo de autonomia dos seus membros, possuem os papéis bem definidos (sejam os parentais como os filiais), sendo as responsabilidades parentais assumidas por ambos os progenitores, de uma forma securizante para os filhos. Para tal, uma regra importante é não desautorizar o outro pai. Se um diz não, o outro diz não também e vice-versa. Sim, que os miúdos cada vez mais espertos, se apanham alguma contradição neste sentido vão usar a mesma para o resto da vida ahahahah. Última característica abordada foi o facto de, embora mantendo coesão interna, estas famílias são abertas ao exterior, fomentando as relações com amigos e com ambas as famílias de origem.   

Ora, vistas bem as coisas, afinal também faço parte das famílias competentes J. Assim é a vida, uns dias maltratante, outros dias competente... mas assegurem-se de que a parte de família competente prevalece em grande escala na vossa vida.

 
 
Apesar de “assustada”, este abanão da realidade foi óptimo.

 
Louvo a iniciativa da CPCJ de Alenquer, pois tais assuntos DEVEM ser abordados cada vez mais, fruto de uma sociedade que nos consome, nos rouba tempo e nos faz muitas vezes ser maltratante sem querer...

Agora, uma coisa é certa, existem muitas famílias maltratantes, não queira ser uma delas.

Quanto à Conferência, super interessante, elucidativa, bem organizada... Esperamos mais iniciativas destas da CPCJ Alenquer. Conto voltar a este assunto com uma nova abordagem, porque infelizmente a violência e os maus tratos são uma realidade...

Espero ter-vos ajudado a consciencializar e a reconhecer algumas características... até breve!  E lembrem-se:



1 comentário:

  1. Conferência da CPCJ Alenquer... muito bom vermos serem abordados estes assuntos, porque infelizmente são uma realidade... Mais posts se seguirão certamente...

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